Rage applying: entenda essa nova expressão corporativa
Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente, é comum que as emoções fiquem à flor da pele uma hora ou outra. A pressão por resultados, prazos apertados e as demandas constantes podem levar qualquer pessoa a se sentir estressada e é justamente neste contexto que o rage applying surge.
Depois de termos como quiet quitting, quiet firing e bare minimum monday ganharam força e passarem a fazer parte do vocabulário do RH, essa nova expressão em inglês tornou-se a bola da vez, principalmente entre profissionais da Geração Z e Millennials.
Se você ainda não ouviu falar sobre ela, chegou a hora de entender as possíveis causas do rage applying, seus impactos nas empresas e as estratégias que podem ser adotadas para mitigá-la. Acompanhe!
O que é rage applying?
O rage applying, também conhecido como “aplicação da raiva”, em português, é uma expressão que viralizou no TikTok no início de 2023.
Basicamente, ela é usada para definir profissionais que, impulsionados pelo estresse, frustração ou insatisfação em relação ao emprego atual, resolvem buscar outras oportunidades de trabalho.
A dinâmica por trás da tendência é a seguinte: enquanto absorve a raiva gerada por uma insatisfação específica, que pode ir desde conflitos com a liderança até remuneração inadequada e carga de trabalho excessiva, o profissional se candidata ao máximo de vagas que consegue encontrar.
Embora tenha virado meme nas redes sociais, esse é um movimento que merece a atenção do RH e gestores de pessoas. Afinal, ele pode apontar para a necessidade de a organização rever a sua cultura organizacional a fim de reter talentos.
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O que está por trás desta tendência?
Segundo um relatório divulgado pelo Linkedin no início do ano, cerca de 80% dos profissionais da Geração Z pretendem encontrar um novo emprego em 2023.
A pesquisa, que foi realizada com jovens do Reino Unido nascidos entre 1997 e 2012, mostrou ainda que as principais causas atreladas à decisão são a insatisfação com o trabalho atual e a percepção de não estarem gerando contribuições diretas para a sociedade.
Apesar de considerar apenas uma parte pequena da população global, o estudo traz insights importantes sobre o que tem levado tantas pessoas a abraçarem o rage applying. Mas, para que fique ainda mais claro, preparamos uma lista dos fatores que podem estar por trás dessa demonstração clara de descontentamento:
- Ambientes de trabalho tóxicos
Estar em uma empresa na qual os altos níveis de estresse, a pressão excessiva, a falta de reconhecimento e a comunicação deficiente são a regra, pode levar muitos profissionais a buscarem uma saída para essas condições prejudiciais à saúde mental e ao bem-estar.
- Falta de engajamento
A falta conexão com o trabalho atual também pode ser um fator importante que impulsiona o rage applying.
Quando os profissionais não se sentem engajados ou não veem perspectivas de crescimento e desenvolvimento dentro de suas posições atuais, eles podem se sentir compelidos a procurar outras oportunidades.
- Insatisfação com a cultura organizacional
A cultura organizacional desempenha um papel fundamental na satisfação dos profissionais. No entanto, quando há uma falta de alinhamento entre os valores pessoais e a cultura da companhia, a pessoa colaboradora pode ficar descontente e optar por buscar um ambientes de trabalho mais adequados às suas expectativas.
- Desejo de crescimento profissional
Profissionais que aspiram por crescimento e desenvolvimento contínuos podem ficar frustrados e descontentes quando percebem uma falta de oportunidades de progresso em seu emprego atual.
Ou seja: o desejo de buscar novos desafios e avançar em suas carreiras pode ser um impulsionador para essa tendência.
- Impacto da pandemia
Não podemos deixar de mencionar que a pandemia da COVID-19 trouxe mudanças significativas ao mundo do trabalho, com muitos profissionais enfrentando incertezas, pressões adicionais e até mesmo perda de empregos.
Todas essas mudanças, associadas à busca por mais flexibilidade e bem-estar, pode ter levado a um aumento no nível de estresse e insatisfação geral, contribuindo para a tendência do rage applying.
- Expectativas não atendidas
Por último, pessoas colaboradoras que não têm suas expectativas atendidas no trabalho atual, seja devido a salários inadequados, falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional ou ausência de reconhecimento por seus esforços, também estão mais propensas a adotar a aplicação da raiva.
É importante reconhecer que cada caso é único e as razões por trás do rage applying tendem a variar de acordo com a situação individual. No entanto, entender esses fatores pode ajudar as empresas a identificarem os pontos de atenção em seus ambientes de trabalho e implementar medidas para reduzir o problema.
Impactos do rage applying para profissionais e organizações
O rage applying pode ter impactos significativos tanto para as pessoas colaboradoras envolvidas quanto para as organizações.
Do lado dos profissionais, por exemplo, o comportamento impulsivo na hora de se aplicar às vagas pode fazer com que eles acabem em outra situação muito semelhante.
Para evitar que isso ocorra, o ideal é avaliar as razões por trás da insatisfação com calma e entender se não se trata de algo passageiro. Outra forma mais positiva de canalizar a raiva é abordar a fonte de descontentamento, o que inclui conversar com a liderança ou RH, estabelecer limites, entre outras práticas.
Já no caso das empresas, o rage applying pode resultar em uma alta rotatividade de talentos, danos à marca empregadora, redução da produtividade, clima de tensão na equipe, dificuldade para atrair bons profissionais e muito mais.
O que o RH pode fazer para lidar com esse movimento?
Mais do que um ponto de atenção, o rage applying traz para as empresas a oportunidade de reverem processos e encontrarem formas de lidar melhor com as demandas das pessoas colaboradoras – principalmente aquelas mais jovens.
Entre as estratégias que podem ser encabeçadas pelo RH, a fim de mitigar o problema, estão:
- Promoção de uma cultura organizacional saudável, que se baseia no respeito, na comunicação aberta e na transparência;
- Desenvolvimento contínuo da liderança, para que as pessoas em cargos de gestão da empresa estejam mais bem preparadas para assumirem essa importante função;
- Realização de pesquisas de clima organizacional periódicas, a fim de identificar potenciais problemas que possam levar ao rage applying;
- Implementação de ações que incentivem o maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como a adoção de horários e formatos de trabalho mais flexíveis;
- Política de remuneração compatível com as responsabilidades da função e alinhada ao mercado;
- Fornecimento de apoio e recursos para o desenvolvimento profissional da equipe, incluindo programas de treinamento, coaching e mentorias.
Como você viu acima, lidar com o rage applying requer uma abordagem abrangente, que envolve o suporte contínuo aos funcionários e funcionárias da empresa ao longo de toda a jornada deles.
Mas, a partir das medidas certas, o RH pode ajudar a construir um ambiente de trabalho saudável, no qual todos e todas se sintam engajados e satisfeitos, minimizando assim a ocorrência do rage applying.
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