Inclusão de autistas no trabalho: desafios e boas práticas

Inclusão de autistas no trabalho: desafios e boas práticas

A inclusão de autistas no trabalho ainda é um tema recente, mas que vem ganhando mais força a cada ano.

Um bom exemplo desse avanço é a Lei 14.992/24, que foi sancionada em outubro do ano passado para ampliar as oportunidades de emprego e garantir a acessibilidade para esse grupo.

Com o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, em 02 de abril, chegando, é a hora perfeita para retomar essa conversa e destacar a importância de construir empresas mais inclusivas e acolhedoras.

Quer entender melhor os desafios que talentos neurodivergentes ainda enfrentam e conhecer boas práticas para tornar a inclusão deles efetiva? Então, vamos juntos!

Entendendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

A falta de conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos fatores que dificultam a inclusão de autistas no mercado de trabalho. 

Por isso, vamos começar a desmistificar esse assunto.

Ao contrário do que muitos ainda pensam, o TEA não é uma doença. Trata-se, na verdade, de uma condição neurológica que pode se manifestar de diferentes formas – daí o termo “espectro”.

De modo geral, esse transtorno do neurodesenvolvimento afeta principalmente a comunicação, a interação social e o processamento de informações sensoriais

Porém, a maneira como isso acontece, os graus de intensidade e a necessidade de suporte variam bastante de indivíduo para indivíduo.

Por exemplo: algumas pessoas autistas podem ter dificuldades na interpretação de expressões faciais ou para entender regras sociais implícitas.

Do mesmo modo, muitas delas são altamente focadas e apresentam habilidades excepcionais em determinadas áreas.

Autismo e mercado de trabalho

Os dados sobre a realidade do autismo no Brasil ainda são escassos. Porém, alguns estudos apontam uma direção.

Segundo a pesquisa mais recente do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), por exemplo, 1 em cada 36 crianças estadunidenses com 8 anos são diagnosticadas com a condição.

Se aplicarmos essa mesma prevalência ao Brasil, considerando que nossa população gira em torno de 212,6 milhões de pessoas, poderíamos estimar que mais de 5 milhões de brasileiros estão dentro do espectro autista.

Claro que essa é apenas uma projeção. Mas, quando pensamos que 85% das pessoas com TEA estão fora do mercado de trabalho, de acordo com o IBGE, fica óbvio o quanto esse potencial ainda está sendo subutilizado.

Como vimos, já existem algumas medidas que buscam reverter esse cenário. A Lei 14.992 é uma delas, por trazer uma série de novidades que prometem ampliar a empregabilidade de pessoas autistas.

Entre as mudanças previstas, destacam-se:

  • Obrigatoriedade do Sistema Nacional de Emprego (Sine) adequar sua infraestrutura às diretrizes da ABNT, a fim de garantir que o ambiente de trabalho seja acessível para pessoas com deficiência, incluindo autistas.
  • Integração da base de dados do Sine ao Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (SisTEA), para facilitar a intermediação de vagas e contratos de aprendizagem.
  • Fomento a iniciativas para a inclusão no mercado de trabalho, incluindo a realização de feiras de emprego e a sensibilização de empregadores para a contratação de pessoas autistas.

Desafios encontrados no caminho

Apesar dos avanços que vêm sendo presenciados nos últimos anos, é inegável que a inclusão de pessoas autistas no trabalho ainda enfrenta desafios.

Afinal, contratar pessoas com TEA é somente o primeiro passo. 

Após essa etapa, também é importante implementar ações que garantam não apenas a permanência, mas também o sucesso desses profissionais nas empresas.

Dito isso, aqui estão alguns dos principais empecilhos que esse grupo enfrenta:

Pouca ou nenhuma compreensão sobre o TEA

Muitas empresas ainda não conhecem bem as necessidades e habilidades das pessoas autistas, impedindo que elas sejam devidamente reconhecidas e aproveitadas no ambiente de trabalho.

Em geral, a falta de compreensão sobre o TEA frequentemente leva a preconceitos, estigmatização ou até mesmo à exclusão involuntária.

Ainda hoje, por exemplo, há quem acredite que autistas não conseguem cumprir funções complexas. O que, por sua vez, pode limitar as oportunidades de emprego.

Falta de acessibilidade

A falta de adequação do ambiente de trabalho é outra barreira significativa para a inclusão de pessoas com TEA.

Locais com muita luz, barulho ou odores fortes podem ser desconfortáveis e até sobrecarregar os sentidos de talentos neurodivergentes. 

Além disso, certos tipos de textura ou o toque físico, como o aperto de mão, também podem causar desconforto.

Desafios na comunicação e interação social

Para esses profissionais, pode ser difícil entender mensagens que não sejam tão claras ou até mesmo interpretar a linguagem corporal. 

Afinal, pessoas autistas tendem a interpretar o mundo que os cerca de forma muito literal.

Em termos práticos, isso significa que elas podem ter mais dificuldade para compreender expressões faciais, determinados tons de voz ou o uso do sarcasmo.

Falta de suporte contínuo

A ausência de um acompanhamento próximo por parte do RH e das lideranças também é um fator que compromete a inclusão de autistas no trabalho.

Essa falta de suporte pode desde dificultar o desempenho das funções até levar ao abandono precoce do emprego.

Por que e como reverter esse cenário?

Embora o TEA traga desafios, as pessoas diagnosticadas com autismo frequentemente possuem habilidades e características únicas que podem ser extremamente valiosas para as empresas. 

Sua atenção aos detalhes, a capacidade de focar por longos períodos em tarefas específicas, a habilidade de pensar de maneira criativa ou lógica, além da facilidade em seguir rotinas, são apenas algumas das qualidades que merecem destaque.

Para as empresas que estão prontas para abraçar esse potencial, aqui vão algumas boas práticas de como incluir pessoas autistas no ambiente de trabalho:

  • Promova treinamentos sobre TEA: quanto menos estigma e preconceito houver entre as pessoas colaboradoras, mais acolhidos os talentos atípicos se sentirão;
  • Ofereça um ambiente sensorialmente amigável: pequenos ajustes no espaço de trabalho podem garantir maior conforto;
  • Evite mudanças inesperadas na rotina: pessoas autistas costumam se sentir mais confortáveis em ambientes que oferecem consistência e previsibilidade.
  • Priorize a comunicação clara e objetiva: sarcasmo, metáforas ou expressões vagas podem ser interpretados de maneira errada.
  • Identifique e valorize as habilidades: ao entender os portes fortes, é possível direcionar as responsabilidades de forma estratégica, aproveitando ao máximo o potencial da pessoa autista.
  • Ofereça flexibilidade nas interações sociais: nem todas as pessoas atípicas se sentem confortáveis em interações sociais. Respeite os limites e permita que elas interajam de maneira que se sintam à vontade.
  • Reveja o recrutamento e seleção: crie um processo mais tranquilo e estruturado, com explicações claras sobre o que será esperado em cada etapa.

Além das boas práticas apresentadas, não podemos deixar de destacar a importância da conscientização e preparo das lideranças.

Mais do que ajudar a transformar a mentalidade de toda a equipe, tornando a inclusão uma prática diária, os líderes devem estar prontos para acolher e oferecer suporte contínuo durante a adaptação desses talentos.

Esperamos que as dicas apresentadas até aqui guiem sua empresa para um futuro onde as diferenças sejam vistas como fortalezas e cada indivíduo tenha a oportunidade de brilhar, independentemente das suas particularidades.

Por fim, vale lembrar que a METARH está pronta para apoiar sua empresa nessa jornada, auxiliando na implementação de ações de diversidade e inclusão. 

Entre em contato conosco e saiba como podemos ajudar!

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