Saúde Mental O papel do RH estratégico diante da Síndrome do Burnout
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O papel do RH estratégico diante da Síndrome do Burnout

Nos últimos anos, a Síndrome do Burnout passou a ser uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Prova disso é que 1 a cada 5 profissionais de grandes corporações brasileiras afirma sofrer de esgotamento, segundo dados da Gattaz Health & Results.

O assunto é tão delicado que, desde o ano passado, a Síndrome do Burnout passou a incorporar a lista de doenças ocupacionais reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – o que fomentou ainda mais as discussões sobre saúde mental e qualidade de vida no trabalho.

Nesse contexto, o RH estratégico assume um papel fundamental: o de promover um ambiente de trabalho saudável e uma cultura organizacional que valorize o bem-estar das pessoas, a fim de prevenir novos casos. 

Ao longo deste artigo, exploraremos alguns caminhos de como isso pode ser feito! 

O que é a Síndrome do Burnout?

Segundo definição do Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout (ou Síndrome do Esgotamento Profissional) é um distúrbio emocional marcado pelos sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante.

A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho, principalmente quando ele vem acompanhado de altos níveis de competitividade, cobrança e responsabilidade ou de um ambiente de trabalho tóxico. 

Quando isso acontece, a pessoa colaboradora pode apresentar desde sofrimento psicológico até problemas físicos, sendo esses os sintomas mais comuns:

  • Cansaço físico e mental excessivo;
  • Sentimentos de fracasso, insegurança, incompetência; desesperança e derrota;
  • Problemas gastrointestinais e alterações nos batimentos cardíacos;
  • Alterações repentinas de humor e negatividade constante;
  • Insônia, alterações no apetite, fadiga, pressão alta e dores musculares ou de cabeça frequentes.

Por que essa deve ser uma preocupação das empresas?

A Síndrome do Burnout pode afetar profissionais de todas as áreas e níveis hierárquicos, trazendo sérias consequências tanto para a saúde física e mental dos indivíduos, como para o desempenho das organizações.

Para se ter uma ideia da seriedade da situação, um levantamento feito pela startup Closecar revelou uma alta de 30% no número de afastamentos de profissionais diagnosticados com algum transtorno de saúde mental, entre 2020 e 2022.

O estudo considerou mais de 400 mil atestados médicos e mostrou, ainda, que a maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras afastadas ocupam cargos em empresas que exigem muito esforço mental durante o desempenho das tarefas, como escritórios de tecnologia, advocacia e multinacionais. 

Para as organizações, casos como esses representam consequências financeiras significativas, como aumento dos custos com saúde ocupacional, queda na produtividade, aumento da rotatividade de talentos e redução da qualidade dos produtos ou serviços oferecidos.

Isso reforça que quando as empresas se comprometem em prevenir e tratar a Síndrome do Burnout, por meio de ações que promovam a saúde mental e a qualidade de vida no trabalho, todos saem ganhando. 

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Como o RH pode identificar a Síndrome do Burnout entre as pessoas colaboradoras?

A prevenção é sempre o melhor caminho e, na sequência, falaremos bastante sobre ela. Porém, antes disso, queremos explorar as medidas que o RH pode tomar para identificar a Síndrome do Burnout entre as pessoas colaboradoras. 

Um dos primeiros passos nesta frente é acompanhar de perto o comportamento dos profissionais e analisar se há alguma mudança significativa no desempenho ou atitudes deles em relação ao trabalho, como: falta de energia, desmotivação, irritabilidade, ausências frequentes, baixa produtividade, entre outros sinais.

Isso pode ser feito por meio de avaliações de desempenho, pesquisas de satisfação interna ou até mesmo reuniões individuais entre o RH e alguns membros do time. Outro caminho é coletar o feedback das lideranças e colegas de trabalho do funcionário ou funcionária em questão.

Outra opção é avaliar a carga de trabalho, a fim de verificar se as pessoas colaboradoras estão trabalhando em excesso ou enfrentando prazos apertados. Afinal, o excesso de demandas está entre os principais causadores do esgotamento profissional.

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Qual é o papel do setor na prevenção da doença?

Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar. Por isso, mais do que identificar a Síndrome do Burnout, o RH deve dedicar parte dos esforços a impedir que esse problema se instale na empresa.

Entre as ações que podem ser encabeçadas pelo setor com esse objetivo, estão:

  1. Fornecer informação de qualidade

Uma boa forma de prevenir o Burnout é oferecer treinamento e recursos às pessoas colaboradoras sobre como gerenciar o estresse relacionado ao trabalho. Isso pode incluir desde workshops e programa de autocuidado até envio de comunicados via e-mail.

  1. Oferecer flexibilidade e pausas regulares

De pouco adianta oferecer conteúdo, se as pessoas não tiverem tempo de colocá-los em prática. É por isso que a dica acima deve vir acompanhada de outras ações, como incentivar que os profissionais façam pausas regulares para recuperar a energia.

Oferecer aos funcionários e funcionárias a possibilidade de trabalharem de casa ou adotarem horários flexíveis também pode ajudá-los a equilibrar melhor as responsabilidades pessoais e profissionais.

  1. Definir metas realistas

O estabelecimento de metas inatingíveis, que levam a jornadas de trabalho exaustivas e cobranças exageradas, é um risco para a saúde emocional do time. Sendo assim, a prevenção do Burnout também passa pela definição de metas e prazos realistas.

Neste caso, a missão do RH é orientar e treinar as lideranças da empresa, para que elas entendam a importância do equilíbrio e se tornem cada vez mais humanizadas e preparadas para gerenciar as entregas das equipes. 

  1. Fomentar uma cultura de apoio

É de extrema importância que as pessoas colaboradoras da sua empresa tenham um local seguro para comunicar quando algo não vai bem.  

O RH pode ajudar neste sentido ao fomentar uma cultura de apoio, onde todos se sintam à vontade para compartilhar seus problemas e preocupações e receber o acolhimento de seus colegas e gestores. 

Outra boa opção é criar um canal de ouvidoria interna, que permita o envio de denúncias e reclamações anônimas sobre atitudes que colocam a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras em risco.

  1. Realizar pesquisas de clima

Como dissemos antes, as pesquisas internas são excelentes na identificação de problemas. Mas elas também podem ser usadas como forma de prevenção, na medida em que ajudam a mapear áreas de melhoria antes que uma situação se agrave ainda mais.

Avaliar a satisfação das pessoas colaboradoras com o ambiente de trabalho de maneira contínua é uma das maneiras mais eficazes de identificar pontos críticos e entender o que precisa ser melhorado com urgência. 

  1. Incentivar às férias

Incentivar as equipes a tirarem as férias que lhe são de direito e a usarem esse tempo para de fato descansar e recarregar as energias também é muito importante. 

Isso pode ser feito através de campanhas de conscientização e da criação de um ambiente de trabalho que realmente valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. 

Até por que de nada adianta tirar férias e ficar recebendo mensagens ou ligações da equipe durante esse período, não é mesmo?

  1. Fornecer feedback positivo e reconhecimento

Por fim, o RH também pode apoiar as lideranças no fornecimento de feedback positivo e reconhecimento aos profissionais pelo bom desempenho e esforço no trabalho. 

Esse é um cuidado que ajuda a aumentar a autoestima e a motivação da equipe, reduzindo também o risco de Burnout. Afinal, para além do excesso de trabalho, a falta de reconhecimento também pode engatilhar uma crise. 

Esperamos que essas dicas ajudem sua empresa a construir uma cultura organizacional positiva e cada vez mais comprometida com o bem-estar das pessoas.

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