Vagas afirmativas: como elas podem fomentar as estratégias de diversidade da sua empresa?
Não é de hoje que buscamos reforçar o quanto as ações de diversidade, equidade e inclusão (DE&I) têm o poder de causar um impacto extremamente positivo para as organizações. E entre tantas frentes de trabalho que podem ser adotadas neste sentido, uma das principais é, sem dúvida, a criação de vagas afirmativas.
Essa iniciativa pode ser um dos primeiros passos para as companhias que buscam construir um ambiente de trabalho mais diverso. Inclusive, boa parte do mercado já entendeu que os investimentos em DE&I são imprescindíveis para a condução estratégica dos negócios e melhoria de desempenho.
Tanto é que, no início deste ano, o tema foi pauta de um levantamento que mostrou o aumento de 33, 2% na divulgação de vagas focadas na contratação de mulheres, pessoas negras ou indígenas, LGBTQIA+ e outros grupos sociais.
Viu, só? Vale muito a pena entender como as vagas afirmativas podem ajudar a abrir o caminho para outras ações de diversidade dentro da empresa. Por isso, te convidamos a ler o conteúdo que preparamos sobre elas!
Por que é preciso falar sobre as vagas afirmativas?
Antes de falar sobre as vagas afirmativas, precisamos entender o porquê de elas terem aparecido em nosso mercado de trabalho. Afinal, já dizia o ditado, “nada é por acaso!”.
Você pode até não recordar, mas provavelmente já ouviu o conceito do que são os grupos minorizados por aí. As pessoas que compõem esses grupos estão mais suscetíveis a sofrerem preconceito, seja ele consciente ou não.
Isso inclui, por exemplo, o preconceito de um recrutador, que sem perceber acaba olhando para um candidato ou candidata a partir da perspectiva de vieses discriminatórios e que já estão enraizados em nossa sociedade.
Pensando em minimizar o impacto dessas situações e reduzir a desigualdade social e econômica dos grupos minorizados, políticas públicas foram criadas. A ideia era a de que, ao longo dos anos, a equidade de oportunidade chegasse para os grupos historicamente desfavorecidos. Sendo eles, portanto:
- Mulheres;
- Negros ou indígenas;
- LGBTQIAPN+;
- Pessoas com Deficiência (PcD);
- Profissionais com mais de 40 anos.
Assim, o poder público também passou a adotar as “ações afirmativas” em suas dependências, como as cotas raciais nas universidades públicas e nos partidos políticos. Já o setor privado avançou em passos lentos nesse aspecto.
Só recentemente as empresas passaram a se preocupar mais com a inclusão em seus times, percebendo que profissionais diversos podiam levar a equipe a aumento de performance e melhoria do clima organizacional.
Mas o que são vagas afirmativas, afinal?
As vagas afirmativas são, na prática, aquelas divulgadas especialmente para um determinado público. Em outras palavras, são as vagas exclusivas para os grupos minorizados que mencionamos acima.
Esse tipo de vaga faz parte da política interna que uma empresa pode adotar para estimular a equidade de oportunidades e remuneração entre seus profissionais. Por isso, muitas vezes as vagas afirmativas de uma companhia acabam nascendo como desdobramento de algo maior.
Com a popularização do conceito de ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance, no inglês), por exemplo, as organizações começaram a determinar com mais precisão as suas metas dentro desses três aspectos.
E como a diversidade está inserida no pilar “Social”, muitas delas passaram a estabelecer desde uma porcentagem mínima de colaboradoras mulheres dentro do time até a obrigatoriedade da presença delas em cargos de gestão, entre outras ações.
Deu para entender como as vagas afirmativas ganharam ainda mais relevância nos últimos anos?
Vale lembrar também que, antes mesmo do ESG se tornar popular e pautar a agenda do mundo corporativo, já existiam incentivos legais que visavam combater as desigualdades, como o Estatuto da Igualdade Racial e pelo Decreto 9.571/18.
Preparando a empresa para os processos seletivos afirmativos
Agora que já passamos por toda a contextualização, chegou a hora de falarmos sobre os cuidados que devem ser tomados na condução de processos seletivos para vagas afirmativas. E o primeiro passo da jornada é justamente refletir sobre esses processos…
Qual o objetivo deles? Queremos apenas colocar pessoas novas para dentro da empresa? Simplesmente aumentar o número de pessoas colaboradoras com diferentes etnias, gêneros, idades etc.?
A resposta é não.
A ideia das vagas afirmativas é criar uma estrutura organizacional que cultive um ambiente corporativo mais solidário, empático, respeitoso e, claro, colaborativo – e para estimular isso, tudo começa pelas atitudes da própria companhia.
Sendo assim, as vagas afirmativas demandam os seguintes cuidados:
- Adaptação do Recrutamento, Seleção e Onboarding
Antes de criar a vaga afirmativa para pessoas com deficiência, por exemplo, é necessário pensar em como esse processo será o mais adaptado possível. Leve em consideração que poderão haver pessoas cegas, com dificuldade de mobilidade etc.
Pense nas opções também para a adaptação do espaço físico e garanta que a integração deste colaborador à empresa seja completa.
- Treinamentos
Uma vez que a empresa se abre para a diversidade e inclusão, é importante pensar em preparar o time para receber as pessoas e isso impacta diretamente nas estratégias da área de Treinamento do seu RH.
Invista na criação de grupos de debates e lembre que a liderança também merece atenção especial nas estratégias de treinamento para impulsionar a diversidade. Palestras e workshops rápidos sobre liderança empática podem ser uma boa pedida.
- Benefícios
Já quando falamos de benefícios, uma ideia que vem ganhando popularidade é o apoio emocional. Muitas empresas já disponibilizam psicólogos aos seus colaboradores e colaboradoras, algo que pode ajudar a lidar com as diferenças.
Outro exemplo positivo é a licença maternidade estendida para as mulheres, bem como auxílio creche ou babá. Essa é uma forma de atrair e mostrar empatia por um papel tão importante, o de “mãe”.
Trouxemos aqui alguns insights para te fazer refletir sobre como há uma série de outras ações que se iniciam a partir – ou antes – da criação das vagas afirmativas. Uma coisa leva à outra até que toda uma cultura organizacional esteja de acordo com uma empresa mais diversa.
Quando abrir vagas afirmativas e quais as vantagens de uma empresa que pratica a diversidade
O momento ideal de abrir uma vaga afirmativa na sua empresa é, portanto, quando olhar ao redor e perceber que não há nela a presença de representantes dos grupos sociais que citamos até agora.
Ao perceber este “vazio” e tomar atitudes a respeito, algumas vantagens baterão à sua porta.
A primeira delas é a percepção positiva da sociedade em relação à companhia quando visualizarem vagas afirmativas sendo divulgadas, bem como quando as próprias pessoas colaboradoras começarem a comentar sobre o ambiente de trabalho diverso e inclusivo que possuem.
Além do mais, empresas que prezam pela diversidade de gênero têm probabilidade 93% maior de superarem seus concorrentes financeiramente, de acordo com a McKinsey and Company.
A consultoria também descobriu que as companhias que se preocuparam em ampliar a diversidade étnica e racial possuem 35% mais chances de ter rendimentos acima da média, enquanto que aquelas que apoiam a diversidade de gênero em cargos executivos tendem a ser 21% mais lucrativas.
Outra vantagem, além disso, é a atratividade maior para as pessoas candidatas. Os processos seletivos tornam-se mais ricos na medida em que há mais pessoas interessadas pelo ambiente de trabalho de sua empresa.
Portanto, está mais do que comprovado que a diversidade e todas as ações que a permeiam, como as vagas afirmativas, devem ser levadas cada vez mais em consideração. Se você gostou do que viu até aqui neste artigo, te convidamos a entender mais sobre o assunto em nossa cartilha “Por que falar sobre diversidade e inclusão”. Desejamos uma boa leitura!
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