Liderança inclusiva: o papel dos líderes no combate ao racismo

Os líderes são os principais disseminadores da cultura de uma empresa. Não por acaso, é quase inimaginável discutir o combate ao racismo no ambiente de trabalho sem abordar a importância da liderança inclusiva.

Para que as organizações abracem a diversidade racial, garantindo segurança, acolhimento e igualdade de oportunidades para pessoas pretas, um dos primeiros passos é envolver os líderes nesta missão.

É por isso que, após termos falado sobre cultura antirracista aqui no Blog, hoje vamos nos aprofundar em como os gestores de pessoas podem – e devem – ser agentes de mudança nesse esforço coletivo em prol de um mercado de trabalho mais igualitário!

O que é uma liderança inclusiva?

Embora nosso foco seja abordar o papel dos líderes no combate ao racismo, vale à pena começar explicando que a liderança inclusiva não se limita apenas a esse propósito. 

Na prática, esse estilo de liderança se concentra em criar ambientes de trabalho onde a diversidade, equidade e a inclusão (DE&I) são valorizadas, respeitadas e incorporadas de maneira ampla. 

Em outras palavras, uma liderança inclusiva é aquela que promove ativamente a igualdade de oportunidades para todos, independentemente de sua origem étnica, gênero, idade, orientação sexual, habilidades, religião ou outras características pessoais.

6 características de uma liderança inclusiva

Para que você consiga compreender a o que a liderança inclusiva de fato é, o melhor caminho é conhecer quais as características que moldam esse profissional. Então vamos a elas!

Segundo um artigo publicado pela Deloitte Insights, que é uma das grandes responsáveis por cunhar o termo, esses são os seis traços característicos da liderança inclusiva:

1. Compromisso: líderes altamente inclusivos estão comprometidos com a diversidade e a inclusão porque estes objetivos se alinham com os seus valores pessoais e do negócio.
2. Coragem: líderes altamente inclusivos falam abertamente, desafiam o status quo e são humildes quanto aos seus pontos fortes e fracos.
3. Conhecimento do preconceito: líderes altamente inclusivos estão atentos aos pontos cegos pessoais e organizacionais. Eles têm a capacidade de se auto-regular para ajudar a coibir preconceitos. 
4. Curiosidade: líderes altamente inclusivos têm uma mentalidade aberta, um desejo de compreender como os outros veem e vivenciam o mundo e uma tolerância à ambiguidade.
5. Culturalmente inteligente: líderes altamente inclusivos são confiantes e eficazes nas interações interculturais.
6. Colaborativo: por fim, líderes altamente inclusivos capacitam os indivíduos, bem como criam e alavancam o pensamento de diversos grupos. 

Importância dos líderes no combate ao racismo

Agora que o conceito de liderança inclusiva está claro, chegou o momento de falarmos sobre o papel dela no combate ao racismo no ambiente de trabalho. E, para isso, separamos alguns dados recentes sobre o assunto.

Segundo uma análise inédita, publicada pelo Linkedin em parceria com o Santo Caos, 55% dos profissionais negros já deixaram de aplicar para uma vaga ou promoção por acharem que não seriam bem recebidos naquele ambiente ou sequer considerados para a posição.

Além disso, 44% das pessoas entrevistadas revelaram já terem tido impactos negativos referentes a movimentos de carreiras, promoções e aumento salariais devido a cor da pele, enquanto 47% afirmaram já terem sofrido discriminação racial no trabalho.

Embora situações como essas tenham raízes complexas, que se perpetuam há séculos, a construção de uma liderança inclusiva desponta como uma das chaves para combatê-las. Afinal, os líderes são grandes responsáveis por moldar a cultura de uma organização.

Quando líderes são exemplos de respeito, empatia e tratamento igualitário a todos os membros da equipe, isso estabelece um padrão para os outros seguirem, criando assim um ambiente onde a valorização da diversidade é a norma e não a exceção.

Em paralelo, eles também têm influência sobre políticas, práticas e decisões estratégicas da organização – o que pode ajudar a garantir que pessoas colaboradoras de todas as origens sejam avaliadas de maneira justa e consigam avançar em suas carreiras.

Como os líderes podem promover a diversidade racial

Como acabamos de ver, a influência, exemplo e compromisso da liderança são essenciais para promover uma cultura de DE&I nas empresas. Mas como isso acontece na prática?

Bom, parte das informações que apresentamos até aqui já apontam alguns caminhos. Porém, caso você ainda esteja com dúvidas, confira mais algumas estratégias que podem ser implementadas pelos líderes: 

1. Aprenda e reflita 

O primeiro passo para ser um(a) líder mais inclusivo(a) é educar-se sobre o assunto. E isso inclui não somente as questões relacionadas à raça, mas também de gênero, idade, orientação sexual, entre outras.

Ao aprender mais sobre as experiências e desafios de diferentes grupos, os líderes estarão mais bem preparados para promover a diversidade.

2. Faça avaliações de desempenho justas

Um(a) líder inclusivo(a) deve garantir que as avaliações de desempenho sejam justas e imparciais, considerando apenas as habilidades e realizações dos funcionários e funcionárias, a fim de evitar qualquer forma de discriminação ou preconceito.

O melhor caminho é definir, em parceria com o RH, critérios objetivos e mensuráveis para avaliação e promoção. 

3. Promova um ambiente de trabalho empático e respeitoso

Reforçando o que já dissemos: a construção de uma cultura antirracista começa pela liderança. 

Mais do que definir o tom demonstrando empatia e respeito em suas interações com as pessoas colaboradoras, os líderes também devem estar atentos para coibir comportamentos preconceituosos e discriminatórios na equipe.

4. Incentive a comunicação e a colaboração

É fundamental permitir que as vozes de todas as pessoas colaboradoras sejam ouvidas e valorizadas. Isso envolve criar oportunidades para que os membros da equipe compartilhem suas ideias, preocupações e perspectivas uns com os outros e evoluam juntos. 

5. Peça feedback aos seus liderados

Estar disposto a ouvir a percepção das pessoas colaboradoras também faz parte da liderança inclusiva. Portanto, os líderes não devem ter medo de pedir feedback sobre como estão desempenhando seu papel e como a organização está lidando com questões de DE&I.

Estar aberto a críticas construtivas é a melhor forma de evoluir continuamente!

6. Atente-se para os vieses inconscientes e favoritismos 

Líderes que reconhecem a existência de seus vieses inconscientes e favoritismos, e comprometem-se em tomar medidas para minimizá-los, tornam-se mais inclusivos. 

Uma das formas de colocar isso em prática é refletir sobre os próprios preconceitos e privilégios e como eles influenciam nas decisões e interações do dia a dia.

7. Faça contratações afirmativas

Outra estratégia que os líderes podem encabeçar, em colaboração com o RH, é a implementação de políticas de contratações afirmativas para aumentar a diversidade da equipe. 

Esse trabalho pode envolver a definição de metas para a contratação de pessoas candidatas de grupos sub-representados e o estabelecimento de vagas que alcancem esses grupos.

O papel da representatividade nesta jornada

Para além das ações que acabamos de apresentar, há outro fator que precisa ser mantido no radar das empresas que estão comprometidas em promover a diversidade racial: a presença de profissionais negros e negras em cargos de gestão.

Segundo a pesquisa do Linkedin que mencionamos acima, 45% das pessoas negras nunca ocuparam posições de liderança, principalmente quando se trata de posições de diretores, vice-presidentes e sócios.

Reverter esse cenário é urgente por inúmeros motivos. Em primeiro lugar, a diversidade em cargos de liderança resulta em tomadas de decisões mais equilibradas e informadas. Mas, sobretudo, esse é um movimento que inspira pessoas semelhantes a almejarem posições de liderança, promovendo um senso de empoderamento e aspiração.

Se a sua empresa deseja criar uma liderança mais diversa e inclusiva, mas não sabe como colocar esse plano em prática, conte com o know-how da METARH.